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Dieta Low Carb e Diabetes: benefícios e riscos

 dieta low carb e diabetes beneficios

 

O diabetes tipo 2 é caracterizado por ser uma doença associada à deficiência relativa de produção de insulina e resistência à insulina. É considerada uma doença mundial e sua incidência continua a aumentar. Em 2000, o número de pessoas com diabetes tipo 2 em todo o mundo era de 175 milhões. Estima-se que até 2030 este número irá aumentar para 336 milhões de pessoas.

 

A escolha de uma dieta que leve em consideração as alterações metabólicas encontradas nas pessoas com diabetes, assim como limite a progressão das complicações relacionadas ao diabetes, é muito importante. A dieta utilizada no tratamento do diabetes deve apoiar o tratamento medicamentoso que controla a glicose no sangue, e também contribuir para o controle da pressão arterial e do colesterol, além de permitir a manutenção e/ou melhora do peso corporal.

 

O objetivo do estudo apresentado é verificar as evidencias científicas dos benefícios e riscos associados a dieta low carb em pessoas com diabetes tipo 2. Foram considerados para essa análise o impacto da alimentação em parâmetros essenciais do diabetes, tais como: metabolismo de carboidratos, lipídios e balanço energético.

 

Os componentes básicos das dietas tradicionais e da dieta preconizada para o diabetes tipo 2 de acordo com a Pirâmide Alimentar, envolvem o consumo de grandes quantidades de carboidratos na forma de grãos integrais e produtos não cereais. Simultaneamente, as recomendações incluem uma quantidade significativa de frutas e legumes. No topo da pirâmide estão os alimentos ricos em proteínas e gorduras. Preconizam que a alimentação deve conter nutrientes específicos, tais como carboidratos, proteínas e gorduras em proporções apropriadas. Atualmente, os protocolos sugerem que o conteúdo de carboidratos deve ser 50-65%, proteínas 10-15%, e gordura não mais de 30% do valor energético total ingerido.

 dieta low carb e diabetes piramide alimentar

 

As orientações para o consumo de gorduras saturadas e colesterol na dieta de pessoas com diabetes e da dieta tradicional não são significativamente diferentes. Além disso, o teor ótimo de proteína da dieta para pessoas com diabetes e da dieta tradicional, deve estar dentro de 10-20% da energia calórica diária, o que é particularmente importante na prevenção da nefropatia (obs. Leia aqui que isso não é verdade). Em resumo, as recomendações das sociedades médicas sobre a porcentagem de cada nutriente na dieta tradicional e na dieta recomendada para o tratamento do diabetes são semelhantes.

 

Nas pessoas com diabetes, o uso de uma dieta de baixo carboidrato (Low Carb), é algumas vezes considerado. Este termo refere-se a vários tipos de dietas, diferindo na quantidade de carboidratos, proteínas e teor de gordura.

 

O termo "baixo-carboidrato" não é definido com precisão na literatura. No estudo de Wylie-Rosett em uma dieta de baixo carboidrato (Low Carb), a ingestão de carboidratos é definida como 20-60 g/d. Dyson define que uma alimentação Low Carb teria uma quantidade de carboidratos inferior a 50 g/dia, enquanto Westman define que a quantidade de carboidratos deve ser 50-150 g/d. Ao mesmo tempo, deve-se notar que em muitos trabalhos, a quantidade original da ingestão de nutrientes durante a dieta é analisada e expressa como uma percentagem das necessidades diárias de energia, dificultando a comparação e análise dos resultados.

 

Independentemente da variante da dieta e do grau de redução de carboidratos, a deficiência de energia relacionada a sua baixa ingestão, é substituída por proteínas ou gorduras. Tem dietas pobres em carboidratos (Low Carb) e ricas em proteínas, entre as mais populares estão a dieta de Atkins, assim como a de Kwasniewski (dieta pobre em carboidratos e com alto teor de gordura - Low Carb – High Fat).

 dieta low carb e diabetes tipos de dieta

 

Em pessoas com diabetes tipo 2, o controle da glicemia é um parâmetro fundamental que pode ser tratado farmacologicamente, em conjunto com uma alimentação adequada e atividade física. O tratamento do diabetes tipo 2 inclui não só o uso de hipoglicemiantes orais, mas também a administração de injeções de insulina.

 

As pesquisas indicam que uma dieta baixa em carboidratos (Low Carb) pode levar a uma redução da quantidade de insulina utilizada, ou a cessação ou redução de doses de hipoglicemiantes administrados durante o tratamento do diabetes. De acordo com Daly, a aplicação de uma alimentação Low Carb permite uma redução do uso de insulina em até 85%, em comparação com a observada antes do início da dieta Low Carb. Um efeito semelhante foi observado com o tratamento do diabetes tipo 2 em pessoas em uso de hipoglicemiantes orais. O uso da dieta Low Carb diminuiu os níveis de insulina e glicose no estado de jejum e durante as 24 horas, além de aumentar a sensibilidade à insulina nos tecidos. Isso influencia significativamente na redução da gordura corporal e aumento da massa corporal sem gordura, tanto em pacientes obesos, como naqueles com peso normal.

 

A Hemoglobina Glicada é um parâmetro importante no diagnóstico e no acompanhamento das pessoas com diabetes tipo 2, estando diretamente relacionada ao risco de complicações causadas pelo diabetes. Na maioria dos estudos científicos, o uso de uma dieta Low Carb tem um impacto positivo sobre este parâmetro, o que indica o controle adequado da glicose. A quantidade de carboidratos na dieta Low Carb pode desempenhar um papel importante nos níveis de glicose no sangue. Alterações favoráveis na Hemoglobina Glicada foram observadas no caso de dietas low carb com restrição de carboidratos menores que 25% da ingesta calórica total.

 

As anormalidades no perfil lipídico (colesterol) são um dos problemas que ocorrem na evolução do diabetes tipo 2. A síntese excessiva de colesterol e triglicerídeos no fígado aumenta o nível de lipoproteínas liberadas para o sangue. As seguintes alterações podem ser observadas: aumento dos níveis de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL), ao mesmo tempo a concentração de lipoproteínas de alta densidade (HDL) pode diminuir. Essas alterações são associadas tanto à patologia do diabetes, quanto da Síndrome Metabólica, que frequentemente está associada ao diabetes tipo 2.

 

Diversos estudos demonstraram que uma nutrição com baixa quantidade de carboidratos (Low Carb) pode ser favorável no perfil lipídico das pessoas com diabetes tipo 2. Isso está provavelmente relacionada a níveis mais baixos de insulina. O teor relativamente baixo de carboidratos na dieta pode contribuir para manter os níveis normais de glicose, impactando indiretamente em alguns parâmetros lipídicos.

 

O diabetes está frequentemente associado ao excesso de peso. Isso indica a forte relação entre a ação prejudicada da insulina e o metabolismo das gorduras. Este último é responsável pela secreção de substâncias como ácidos graxos, hormônios e citocinas, que podem afetar o desenvolvimento de resistência à insulina observado nos pacientes com diabetes tipo 2. Os métodos tradicionais de tratamento da obesidade envolvem dieta que reduzem significativamente o número de calorias. Esta forma de alimentação envolve o fornecimento de energia na forma de nutrientes nas seguintes proporções: 10-20% de proteína, 50-60% de carboidratos, 10-30% de gordura, o que é, portanto, muito pouco diferente da dieta tradicional. As dietas low carb algumas vezes são utilizadas no tratamento da obesidade por causarem perda rápida de peso corporal.

 dieta low carb e diabetes resultados

 

Além disso, alguns estudos utilizando modelos animais, demonstraram uma diminuição da proliferação tumoral no caso de dietas com baixo teor de carboidrato (dieta low carb). Isto por que o metabolismo da glicose fornece quantidades adequadas de ATP (energia), necessárias para a proliferação tumoral. A redução da massa gorda em uma dieta pode ser importante no caso de câncer dependente de hormônios (mama, ovário), que muitas vezes acompanham a obesidade em mulheres com excesso de peso devido ao aumento do estrogênio. Os estrogênios são responsáveis pela maior produção de radicais livres, que são agentes mutagênicos. Além disso, o aumento da cancerogênese está correlacionado com a ocorrência de hiperinsulinemia, resistência à insulina e alta concentração plasmática de citocinas (IL-6, TNF-α), produzidas por quantidades excessivas de gordura corporal em pessoas com diabetes.

 

PONTOS NEGATIVOS COMENTADOS NO ARTIGO (faço comentário ao lado justificando a falta de embasamento científico)

Hipovitaminoses – pelo baixo consumo de vegetais, legumes e frutasabsolutamente infundado! A densidade nutricional de uma dieta Low Carb bem feita, é extremamente elevada! Os estudos clínicos randomizados controlados da dieta paleo e low carb, com analises que incluem riscos de doença cardiovascular, saciedade e perda de peso, indicam que ela é superior a dietas convencionais para diabetes e mais rica em nutrientes que a pirâmide alimentar tradicional. Uma dieta low carb, com consumo de carnes, legumes, verduras, queijos, na análise de micronutrientes derivada dos dois estudos feitos por Lindebert et al. e Jonsson et al. (2) mostra que, excetuando-se o cálcio, uma dieta tipo paleolítica não apenas atende a ingesta diária recomendada de micronutrientes, mas em alguns casos ultrapassa a quantidade provida pelas dietas com grãos e laticínio. Além disso, as comidas processadas feitas com grãos refinados, açúcares e óleos vegetais tem baixas concentrações de vitaminas e minerais.

Deficiência de Vitamina Csabe que a vitamina C compete pelo mesmo receptor celular que a glicose; assim, uma dieta low carb reduz muito a necessidade de vitamina C. A quantidade de vitamina C é maior em certos vegetais do que em qualquer carne. Mas o corpo humano precisa de uma quantidade tão pequena de vitamina C que, apenas o consumo de carne, seria suficiente para prevenir a deficiência de vitamina C e consequentemente, o escorbuto.

Baixo consumo de fibrasuma dieta Low Carb preconiza justamente o consumo de legumes e vegetais, alimentos que são extremamente ricos em fibra, e com baixa densidade de carboidrato.

 

Consumo de alta quantidade de proteína pode aumentar o risco de disfunção renal – isso não é verdade – veja aqui e aqui.

Fadiga muscular, queda da qualidade de vida isso não é verdade – veja aqui

Risco de hipoglicemiaem pacientes com diabetes isso pode acontecer, por isso a mudança na alimentação deve ser sempre supervisionada para o ajuste concomitante das medicações hipoglicemiantes.

Alterações no endotélio vascularapenas um estudo demonstrou isso, talvez em pessoas com diabetes, uma alimentação que privilegie o consumo de peixe, azeite e castanhas talvez seja melhor.

Aumento da mortalidade cardiovascularesses dados são extraídos de estudos observacionais, ou seja, estudos que não tem a capacidade de estabelecer causa e efeito. Vale ressaltar que o grupo que comia carne também fumava e ingeria mais álcool, além de praticar menos atividade física.

CONCLUSÃO DOS AUTORES

Para uso de uma dieta baixa em carboidratos no diabetes tipo 2 é preciso avaliar os efeitos a longo prazo do menos consumo desses nutrientes. Os estudos científicos disponíveis indicam os efeitos deste modelo de dieta apenas por um período relativamente curto de seu uso. Deve-se ressaltar a possibilidade de redução de peso eficaz para pessoas com diabetes tipo 2 e obesidade. A dieta low carb também impacta na regulação dos níveis de glicose, reduzindo a quantidade de insulina utilizada e os valores da hemoglobina glicada. Além disso, os estudos demonstram que uma dieta low carb melhora o perfil lipídico, particularmente os níveis de triglicérides e HDL no sangue de pessoas com diabetes tipo 2.Não há dúvida em relação aos benefícios de uma dieta low carb. Entretanto, eles são limitados pela possibilidade de efeitos adversos. Uma dieta baseada na exclusão de alimentos específicos aumenta o risco de deficiências minerais e de vitaminas. Os riscos específicos estão relacionados com a deficiência de Vitaminas B e vitamina C. A falta de fibras também pode ser problemática. Uma dieta baixa em carboidratos com alta ingestão de proteína é considerada um fator preditivo para danos nos rins. Um consumo elevado de proteínas, mantendo uma baixa oferta de carboidrato, pode também provocar perturbações nos eletrólitos e alterações no turnover ósseo, responsável pelo desenvolvimento de osteopenia e osteoporose.

 

CONCLUSÃO PESSOAL: os beneficios SUPERAM, indiscutivelmente, os riscos citados (muitos sem embasamento científico).

 

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