Dieta Low Carb e Diabetes: avaliação do humor e qualidade de vida
O Diabetes mellitus tipo 2 é um importante problema de saúde global, afetando mais de 366 milhões de adultos em todo o mundo, com a previsão da prevalência dobrar em 2030. A modificação da dieta é parte fundamenteal do tratamento do diabetes, levando a um aumento recente no uso de dietas Low Carb (muito baixas em carboidratos, alto teor de gordura) como uma opção de tratamento para melhorar o controle glicemico em comparação com as dietas tradicionais, com alto teor de carboidratos e de baixo teor de gordura.
No entanto, poucos estudos examinaram os efeitos da dieta Low Carb sobre o humor e o bem-estar psicológico. Caracterizar esse impacto tem particular relevância para os indivíduos com diabetes, que sabidamente tem uma prevalencia e um risco aumentado de ter depressão, o que pode piorar a adesão às recomendações alimentares e de exercício, além de um menor autocuidado do diabetes.
Apenas dois estudos compararam os efeitos a longo prazo (12 meses) das dietas Low Carb e High Carb na qualidade de vida relacionada com a saúde e diabetes (QoL). Estes estudos mostraram que as mudanças no escore de qualidade de vida não diferiram entre os grupos de dieta, embora maiores melhoras foram observadas com a dieta Low Carb para os critérios relacionados critérios a dor corporal, saúde geral e bem-estar físico. No entanto, esses estudos não avaliaram os resultados do humor, incluindo ansiedade ou depressão, que anteriormente demonstraram ter respostas diferenciais a longo prazo, para as dietas Low Carb e High Carb em indivíduos sem diabetes.
O objetivo desse estudo foi comparar os efeitos do consumo de uma dieta Low Carb hipocalorica ou de uma dieta High Carb tradicional (com caloria total semelhante) ao longo de um período de 12 meses, no humor, incluindo depressão e ansiedade, estresse emocional relacionado ao diabetes, e qualidade de vida, em um ensaio randomizado, bem controlado, em adultos obesos com dibetes tipo 2.
Os participantes receberam um plano alimentar com quantidades específicas de alimentos para atingir perfis de macronutrientes e calóricos. Os participantes da dieta Low Carb receberam um plano alimentar que visava fornecer 14% da energia total como carboidratos (<50 g/dia), 28% como proteína e 58% como gordura [35% de gordura monoinsaturada (MUFA), 13% de gordura poliinsaturada, <10% de gordura saturada). Para os participantes na dieta High Carb, o perfil alimentar prescrito foi 53% da energia total como carboidratos, 17% como proteína e <30% como gordura total (15% MUFA, 9% PUFA e <10% de gordura saturada). Ambas as dietas foram planejadas para serem moderadamente restritas em energia, com ingestão total de energia e déficit previsto para ser energia combinada.
Durante o estudo, ambos os grupos conseguiram reduções substanciais no peso corporal, sem diferença significativa entre as dietas. A média de perda de peso aos 12 meses foi de 9%. Ambos os grupos obtiveram boa adesão às ingestões dietéticas prescritas ao longo da duração do estudo.
Este estudo randomizado controlado mostrou que ambas as dietas (Low Carb e High Carb), com restrição energética, resultaram em alterações comparáveis no humor, perfil psicológico e qualidade de vida, em adultos com sobrepeso e obesidade com diabetes tipo 2. O presente estudo incluiu um programa de exercícios intensivos, planejados e supervisionados, que pode ter influenciado no desfecho favorável.
O grupo com dieta Low Carb apresentou uma redução três vezes maior nas necessidades de medicação relacionada ao diabetes e uma melhora da estabilidade diurna da glicose no sangue, combinada com alterações mais favoráveis no perfil lipídico do sangue com a dieta Low Carb em comparação com a dieta High Carb. Essas melhorias no perfil metabólico alcançados com a dieta Low Carb podem ter favorecido os efeitos de melhora do humor.
A melhora da satisfação da função sexual observada em ambos os grupos é consistente com estudos anteriores que demonstraram que a perda de peso, baseada na intervenção no estilo de vida, melhora uma variedade de escores de satisfação da função sexual em indivíduos obesos, incluindo pessoas com diabetes tipo 2
Uma limitação do presente estudo foi que ele foi conduzido em uma população de pessoas com diabetes tipo 2 sem depressão. A depressão afeta aproximadamente 20% dos indivíduos com diabetes, e outros estudos que para examinar os efeitos desses padrões alimentares em pacientes com diabetes e depressão clínica são necessários para entender a generalização mais ampla dos achados atuais.
Os autores concluem que ambas as dietas (Low Carb e High Carb), com calorias reduzidas, administradas como parte de um programa de modificação de estilo de vida, incorporando treinamento de exercícios, alcançaram melhorias semelhantes no estado de humor, qualidade de vida e autocuidado de diabetes em adultos com sobrepeso e obesidade com diabetes tipo 2. Este resultado sugere que ambos os padrões alimentares podem ser utilizados como uma estratégia para diabetes e controle de peso, sem afetar negativamente o bem-estar psicológico.
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