Dieta Low Carb e Diabetes: síntese das evidências científicas
DIETA LOW CARB E DIABETES - AVALIAÇÃO EM PESSOAS COM DIABETES E JAPONESAS
Esse estudo foi publicado em 2016 na Clinical Nutrition e coma intenção de avaliar a segurança e a eficácia da dieta Low Carb em pessoas japonesas com diabetes tipo 2, mal controlados.
Foram selecionadas para o estudo pessoas com diabetes e com HbA1C > 7,5%, que já tinham passado por pelo menos duas avaliações nutricionais convencionais. Pessoas com complicações graves foram excluídas do estudo (insuficiência renal, neuropatia diabética, retinopatia diabética).
Foi um estudo randomização, ou seja, com dois grupos de pessoas diabéticas e características semelhantes, que foram randomizados para receber ou uma dieta com baixa quantidade de carboidrato (Low Carb / High Fat) ou a dieta convencional (High Carb / Low Fat). Esse é o melhor tipo de estudo quando queremos avaliar se um tratamento é bom e seguro.
Abaixo algumas informações importantes que os autores mencionam no artigo:
A terapia nutricional é uma das mais importantes estratégias no tratamento do diabetes, mas ao mesmo tempo é a terapia que as pessoas tem maior dificuldade em seguir.
De acordo com as diretrizes da Sociedade Japonesa de Diabetes, a dieta restritiva (hipocalórica) é a alimentação recomendada para pacientes com diabetes tipo 2, sendo muitas vezes educados e acompanhados por nutricionistas. No entanto, mesmo depois de receberem orientação, muitos pacientes têm dificuldade em aderir a essa dieta, o que certamente prejudica os resultados do tratamento.
Nos Estados Unidos e na Europa, há um amplo debate sobre o valor da dieta de baixo carboidrato (Low Carb) no tratamento do diabetes. Vários estudos têm analisado a eficácia e a segurança das dietas Low Carb em pessoas com Diabetes, assim como qual a quantidade de carboidratos necessários para pacientes com diabetes.
Com base nesses estudos, a dieta Low Carb parece ser uma alternativa útil no tratamento do Diabetes nos países ocidentais
Não há dúvida que a cultura alimentar em cada país afete a eficácia de um determinado tipo de alimentação. A ingestão de carboidratos, por exemplo, é maior no Japão do que nos países ocidentais. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição no Japão, a ingestão média de energia do japonês foi de 1863 kcal/dia em 2014 com 57,3% de carboidratos, 15,1% de proteínas e 27,6% de gordura. Em comparação, o consumo médio de energia dos americanos que foi 2137 kcal / dia com 49,2% de carboidratos, 15,7% de proteínas e 33,6% de gordura.
O arroz e o arroz processado são as principais fontes de carboidratos (47,0%) no Japão. Nos Estados Unidos, são refrigerantes (13,9%), pães (10%), bolos, biscoitos, pão rápido e torta (8,3%), mas arroz e grãos cozidos são apenas 3,1%.
Voltando aos resultados do estudo...
No total 66 pacientes participaram por 6 meses do estudo. Modificações nas medicações foram autorizadas durante esse período.
No grupo no qual as pessoas com diabetes iam continuar ingerindo a dieta padrão, o alvo da ingestão calórica total foi calculado pela multiplicação do peso corporal ideal por 28 kcal/kg, de acordo com as diretrizes da Sociedade Japonesa de Diabetes. A % de carboidratos por caloria total foi de 50-60%, e a de proteína 1,0-1,2 g/kg.
Para as pessoas com diabetes participantes do grupo Low Carb, foi estabelecido um alvo de 130 g/dia de carboidratos . Não houve outras orientações específicas além da quantidade de carboidratos e sobre o consumo de gordura insaturada ao invés vez de gordura saturada.
No final de 6 meses de estudo, a ingestão calórica das pessoas com diabetes que fizeram a dieta low carb foi significativamente menor, mesmo não havendo restrição na quantidade total de calorias permitidas por dia.
A média de ingestão de carboidratos no grupo low carb foi de 149 g/dia, enquanto no outro grupo 198g. Mesmo não mantendo a quantidade de carboidrato preconizada no inicio do estudo, a melhora da hemoglobina glicada e redução de peso foi significativa do grupo Low Carb.
Aproximadamente 20% dos pacientes apresentam uma queda maior que 2 pontos na hemoglobina glicada, sendo necessário a redução das medicações em uso. Não houve alteração significativa no perfil lipídico (colesterol) e na função renal nos dois grupos.
Os autores concluem que esses resultados deixam claro que as dietas low carb são mais eficazes, sendo uma opção para as os japoneses com diabetes e que não estão bem controlados.
DIETA LOW CARB E DIABETES - AVALIAÇÃO EM PESSOAS COM DIABETES E MICROALBUMINÚRIA
A excreção de albumina pela urina é um marcador precoce de disfunção renal causado pelo diabetes. Além disso, a presença de microalbuminuria está associada ao aumento da mortalidade cardiovascular.
Um dos tratamentos preconizados para o tratamento da albuminuria (excreção de albumina pela urina) é, além da melhora do controle glicêmico e da pressão arterial, o uso de medicações como os Bloqueadores dos Receptores de Angiotensina (BRA).
Um estudo publicado em 2012, no Diabetes, Metabolic Syndrome and Obesity Targets and Therapy, analisou o uso da dieta Low Carb em pessoas com Diabetes e presença de disfunção renal precoce.
Um total de 124 pessoas foram submetidas a uma dieta low carb por 12 meses, sendo analisado antes e após a conclusão do estudo, além da excreção de albumina, a glicose sanguínea, insulina de jejum, perfil de colesterol, hemoglobina glicada, peso e doses das medicações.
Dessas pessoas, pouco mais da metade tinha excreção de albumina normal, 50 tinham microalbuminuria e 6 macroalbuminuria.
Pessoas com diabetes muito descompensado, com HbA1C > 9,0 (hemoglobina glicada) ou com disfunção renal estabelecida (Cr > 1,5) foram excluídas do estudo.
Como já visto em outros estudos, o uso de uma dieta low carb, no tratamento do diabetes, leva a uma melhora da hemoglobina glicada e do colesterol, perda de peso, diminuição da pressão arterial, melhora da sensibilidade a insulina e diminuição das doses dos hipoglicemiantes.
O mais interessante do estudo, entretanto, foi o fato da dieta low carb ter normalizado a excreção de albumina em 50% dos pacientes que tinha alteração da sua excreção no inicio do tratamento.
Esse benefício permanecia alto mesmo quando feita a analise estatistica levando em consideração o uso de omelsartan (bloqueador do receptor de angiotensina - que interfere na excreção de albumina) ou metformina.
Essa redução na excreção de albumina é significativa e positivamente associada uma redução da resistência a insulina. O aumento da excreção de albumina está diretamente relacionada a resistência a insulina, estimada através do HOMA.
Altas doses dos BRA são capazes de reduzir 48% os níveis de albuminuria. Nesse estudo, o uso de uma dieta low carb foi capaz de reduzir em 40% os níveis de albuminuria (na análise que exclui as pessoas com diabetes em uso de BRA). Ou seja, uma eficácia muito semelhante ao uso da medicação, associada a todos os outros benefícios metabólicos.
Apesar de ser um estudo com um pequeno número de pessoas com diabetes e sem grupo controle (ou seja, sem um grupo com características semelhantes e que seguiram uma outra dieta), ele sugere que a dieta low carb, além de não causar danos a função renal, pode inclusive levar a uma melhora dos marcadores de disfunção renal precoce, em uma população com um perfil semelhante a estudada.
DIETA LOW CARB E DIABETES - AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO COGNITIVA (DIETA LOW CARB X HIGH CARB)
Com o aumento da prevalência da obesidade e do diabetes tipo 2, o interesse em dietas muito baixas em carboidratos tem aumentado. Uma preocupação com as dietas low carb é que a restrição de carboidratos abaixo da dose diária recomendada de 130 g/d, correspondente à quantidade mínima média utilizada pelo cérebro, o que poderia prejudicar a função cognitiva. Consequentemente, existem preocupações de que as dietas low carb possam afetar negativamente a função cognitiva.
Com o aumento da prevalência de obesidade e diabetes tipo 2, o interesse em dietas muito baixas em carboidratos tem aumentado. Isto é apoiado não só por orientações dietéticas atuais, mas também por evidências crescentes que demonstram a eficácia a longo prazo das dietas Low Carb para melhorar o controle glicêmico e os resultados cardiometabólicos, comparados com dietas high carb tradicionais.
O diabetes tipo 2 aumenta o risco de comprometimento cognitivo e demência. A eficiência psicomotora, a aprendizagem, o funcionamento executivo, a memória e a rapidez do processamento da informação são freqüentemente os mais afetados. Isso ressalta a importância de considerar o efeito das estratégias de gestão do diabetes sobre a função cognitiva.
Uma preocupação com as dietas low carb é que a restrição de carboidratos abaixo da dose diária recomendada de 130 g/d, correspondente à quantidade mínima média utilizada pelo cérebro, o que poderia prejudicar a função cognitiva. Consequentemente, existem preocupações de que as dietas low carb possam afetar negativamente a função cognitiva.
Este estudo, publicado em 2016 no British Journal of Nutrition, comparou os efeitos a longo prazo de uma dieta com baixo teor de carboidratos e alto teor de gordura com uma dieta rica em carboidratos e com baixo teor de gordura, no desempenho cognitivo em indivíduos com diabetes tipo 2. No total, 115 adultos obesos com diabetes tipo 2, relativamente controlados (média da hemoglobina glicada 7,2), foram randomizados para consumir uma dieta com baixo teor de carboidratos e alto teor de gordura (low carb) com uma dieta rica em carboidratos e com baixo teor de gordura.
Além da alimentação, os dois grupos foram submetidos a exercícios aeróbicos / de resistência supervisionados (60 min, 3 dias por semana), durante 52 semanas.
A avaliação da velocidade perceptiva, velocidade de raciocínio, capacidade de raciocínio, memória de trabalho, fluência verbal, velocidade de processamento, memória de curto prazo, inibição e velocidade de varredura da memória foram avaliadas antes e após a intervenção.
Não foram observadas diferenças nas mudanças dos escores de desempenho do teste cognitivo entre os grupos de dieta (low carb x high carb) para qualquer um dos resultados da função cognitiva avaliados.
Os dois grupos apresentaram perda de peso e melhora da hemoglobina glicada, sem diferença significativa entre ambos.
Em adultos obesos com diabetes tipo 2, ambas as dietas de perda de peso de low carb e high carb, combinadas com treinamento de exercícios, tiveram efeitos semelhantes no desempenho cognitivo. Isto sugere que uma dieta com baixo carboidrato (dieta low carb), integrada num programa de modificação de estilo de vida, pode ser utilizada como uma estratégia para o controle do peso e do diabetes, sem a preocupação de afetar negativamente a função cognitiva.
Estudos adicionais devem ser realizados para avaliar os efeitos cognitivos dessas dietas (low carb e high carb) em idosos com diabetes tipo 2, complicações pré-existentes de diabetes, função cognitiva mais pobre e controle glicêmico, que estão em maior risco de declínio cognitivo.
DIETA LOW CARB E DIABETES - DIABETES TIPO 1 E DIETA LOW CARB
Poucos estudam científicos analisaram os resultados de uma dieta baixa em carboidratos (Low Carb) no controle do diabetes tipo 1 nos últimos 30 anos, apesar do ressurgimento do interesse pelo uso da dieta low carb em pessoas com obesidade e naqueles com diabetes tipo 2. Embora haja alguma confusão em relação à terminologia, a revisão mais recente sugere que uma dieta baixa em carboidratos deve conter menos de 130 g de carboidratos por dia.
Nielsen et al relatam uma análise de 48 pacientes com DM tipo 1 com uma dieta low carb (baixa em carboidratos). A hemoglobina glicada (HbA1c) média reduziu de 7,7% para 6,4% após 3 meses e manteve-se neste nível durante 4 anos.
Com o desenvolvimento de análogos de insulina de curta e longa duração, a prática de combinar a insulina de curta duração com a ingestão de carboidratos tornou-se muito mais precisa. Isto dá aos pacientes uma maior flexibilidade para variar a ingestão de carboidratos, ou se desejado, para reduzir significativamente a ingestão de carboidratos.
Este pequeno ensaio controlado randomizado testou a viabilidade de uma dieta baixa em carboidratos (low carb) em comparação com uma dieta padrão (alto carboidrato, baixa quantidade de gordura), ambos combinados com contagem de carboidratos, no controle glicêmico, variabilidade da glicose, dose diária total de insulina e qualidade de vida em um grupo de participantes com diabetes tipo 1.
Para participar do estudo era preciso ter diabetes tipo 1 e estar usando múltiplas injeções diárias de insulina, incluindo insulina de ação rápida no horário da refeição. Os participantes precisavam estar dispostos a automonitorar a glicose (glicemia capilar) e aprender e utilizar habilidades de contagem de carboidratos.
Dez participantes, três mulheres e sete homens, com idade de 44,6 ± 8,9 anos, entraram e completaram o estudo. A duração média do diabetes era de 21,8 ± 11,1 anos. A dose diária total média de insulina era de 52,5 ± 27,1 unidades por dia. Os participantes estavam todos usando um regime basal-bolus de insulina, com insulina glargina como a insulina basal, e com aspart ou lispro como “insulina bolus”. Não houve diferenças significativas entre os grupos no início do estudo.
Abaixo os principais resultados e conclusões dos estudos:
O controle glicêmico medido pela hemoglobina glicada (HbA1c) melhorou e o uso diário total de insulina reduziu-se no grupo de baixo carboidrato (low carb). A alteração no uso de insulina entre os grupos foi significativa, porém não houve diferença entre os grupos no controle glicêmico.
Não houve alteração na variabilidade glicêmica em nenhum dos grupos, e não houve diferença entre os grupos. Não houve diferenças observadas na pressão arterial, creatinina ou perfil lipídico.
Este pequeno estudo fornece provas preliminares de que uma dieta low carb pode ser uma opção de estilo de vida para adultos com diabetes tipo 1, particularmente aqueles que desejam perder peso. Embora não seja estatisticamente significante, o grupo low carb perdeu uma média de 5 kg ao longo de 12 semanas, reduzindo o IMC médio de 27 a 25 kg / m2.As doses de insulina e o valor da hemoglobina glicada foram significativamente reduzidos. Um estudo maior é necessário para confirmar esses benefícios em uma coorte mais ampla.
Este estudo não encontrou qualquer alteração significativa no colesterol LDL no grupo low carb (restrito de carboidratos). Não pareceu haver qualquer efeito significativo da restrição de carboidratos na qualidade de vida, conforme medido por questionário.
Conclusão: A dieta low carb é uma opção viável para as pessoas com DM tipo 1, quando combinado com um regime de insulina flexível e contagem de carboidratos. Permite reduzir as necessidades diárias totais de insulina e foi associada a um melhor controlo glicêmico. Este estudo não demonstrou melhorias na variabilidade da glicose. O uso de uma dieta low carb pode ser particularmente útil para aqueles que desejam perder peso.
Pesquisas adicionais são necessárias para determinar se fontes não-carboidratos de glicose podem confundir as estimativas usuais de carboidratos com relação à insulina na vigência de uma dieta low carb e se precisam ser levadas em conta na administração de insulina para aqueles com diabetes tipo 1 seguindo uma dieta low carb.
DIETA LOW CARB E DIABETES - SEGURANÇA RENAL
Existe uma preocupação em relação a segurança de dietas ricas em proteínas para a função renal, particularmente em populações com diabetes tipo 2, que por si só apresentam maior risco de nefropatia. Apesar disso, dietas com baixo teor de carboidratos, alto teor protéico e alto teor de gordura (dieta low carb) vem aumentando em popularidade entre as pessoas com diabetes tipo 2, com base em evidências científicas crescentes de sua eficácia como uma estratégia de controle de peso, para melhorar o controle glicêmico e reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
Poucos estudos bem controlados, de longo prazo, têm sistematicamente examinado os efeitos das dietas Low Carb como parte de um programa abrangente de modificação do estilo de vida sobre a função renal no diabetes tipo 2, limitando a aplicabilidade das dietas low carb no tratamento do diabetes.
Este estudo compara os efeitos, do consumo de uma dieta Low Carb, com restrição energética e limite de gordura saturada, com uma dieta tradicional balanceada de carboidratos não refinados (High Carb), com baixo teor de gordura, em conjunto com um programa de exercícios supervisionados, sobre a função renal, em adultos obesos com diabetes tipo 2 e sem doença renal diabética, após 1 ano de acompanhamento.
No total, 115 adultos com diabetes tipo 2, sem nefropatia (doença renal), com obesidade, e com o diabetes relativamente controlado (Hemoglobina Glicada média 7,3%), participaram do estudo. No início, não havia diferença clinica e laboratorial significativa entre os grupos (Low Carb X High Carb não refinados).
Após 1 ano, houve perda de peso (média de 9kg) e diminuição da pressão arterial em ambos os grupos, sem diferença estatística. O consumo de proteína reportado pelo grupo da dieta Low Carb foi maior.
A Taxa de Filtração Glomerular e a albuminúria são indicadores estabelecidos da presença e progressão da doença renal. Esses marcadores responderam de forma semelhante a dieta Low Carb ou High Carb. Os resultados não foram alterados após a análise com ajuste do tratamento anti-hipertensivo.
Dentro dos limites de uma amostra modesta de pessoas com diabetes, esses resultados, em adultos obesos com diabetes tipo 2, sem doença renal evidente, confirmam e estendem os resultados de investigações anteriores realizadas em pessoas sem diabetes e em indivíduos com doença renal preexistente.
A literatura que apóia a utilidade da restrição protéica na diminuição do declínio da função renal ou no atraso da progressão da doença renal é controversa. Reconhecendo as limitações dos estudos observacionais (como a possibilidade de confusão residual não contabilizada), os estudos de coorte prospectivos de pessoas com diabetes tipo 2 e sem doença renal, não encontraram associação entre a ingestão de proteína e o declínio da função renal. Uma meta-análise recente de ensaios controlados randomizados mostrou que uma dieta com baixo teor proteico não foi associada a uma melhora significativa na função renal em pessoas com doença renal quando comparada com uma dieta proteica normal (0,9 g / kg / dia 1,3 g / kg / dia).
Independentemente de qualquer diferença entre as dietas (Low Carb ou High Carb), ambos os grupos experimentaram uma redução global na Taxa de Filtração Glomerular, perda de peso substancial (9,1%), melhora no controle glicêmico, reduções na pressão arterial e da albuminúria.
Os autores concluem que, uma dieta Low Carb hipocalórica e uma dieta tradicional High Carb (com a mesma quantidade de calorias) tiveram efeitos semelhantes em marcadores de função renal em pessoas com diabetes tipo 2 sem doença renal ao longo de um período de 12 meses.
Estes resultados corroboram a evidência de que o consumo de uma dieta Low Carb para perda de peso não afeta negativamente a função renal nesta população. São necessários estudos de acompanhamento de longo prazo para determinar se estes efeitos renais são sustentados durante a manutenção da perda de peso e para estabelecer se a adesão às dietas (Low Carb e High Carb) resulta em diferenças no desenvolvimento e na progressão da doença renal.
Examinar os efeitos das dietas Low Carb em populações com complicações vasculares preexistentes, além da nefropatia, ajudaria ainda mais na compreensão da utilidade das dietas Low Carb no tratamento do Diabetes.
DIETA LOW CARB E DIABETES - RESTRIÇÃO DE CARBOIDRATO CONFORME O CONTROLE GLICÊMICO
Uma dieta com baixo teor de carboidratos (dieta low carb) é definida como uma restrição de carboidrato menor que 130g/dia ou menos de 30% de carboidratos da ingestão calórica total. A dieta low carb têm efeitos benéficos no controle glicêmico, na perda de peso e nos perfil lipídico em comparação com dietas ricas em carboidratos e com baixo teor de gordura (energia restrita). Embora a segurança em longo prazo não tenha sido comprovada por estudos intervencionistas, nenhum dano grave resultou da utilização de uma alimentação low carb durante vários anos.
Esse estudo foi projetado para investigar os efeitos de uma dieta low carb, definida com base na hemoglobina glicada, e os efeitos da variação do consumo de carboidrato em grama por dia (Δcarboidrato g/dia), em vez de volume absoluto de carboidrato, no controle glicêmico.
O princípio dessa proposta de dieta low carb recomendada nesse estudo é eliminar alimentos ricos em carboidratos uma ou duas vezes por dia, no café da manhã e/ou jantar. Os pacientes foram instruídos a evitar alimentos ricos em carboidratos de acordo com uma lista.
Para a presente pesquisa, com base nos resultados de estudos anteriores, foi adicionado uma categoria de restrição de carboidratos menos rigorosa para os pacientes com diabetes tipo 2 com níveis mais baixos de HbA1c (hemoglobina glicada), de modo que os pacientes foram divididos em três grupos de acordo com sua HbA1c de base: ≤ 7,4% (Grupo 1), 7,5% - 8,9% (Grupo 2) e ≥ 9,0% (Grupo 3).
Os pacientes com níveis de HbA1c ≤ 7,4% foram instruídos a restringir alimentos ricos em carboidratos para metade da quantidade usual no jantar, aqueles com 7,5% - 8,9% foram instruídos a eliminá-lo no jantar e aqueles com níveis ≥ 9,0% restringiram no jantar e café da manhã. Os pacientes não foram obrigados a calcular a ingestão diária de carboidratos.
Apesar dos pacientes serem proibidos de consumir carboidratos entre as refeições, eles foram autorizados a comer proteína e gordura na quantidade desejada, incluindo gorduras saturadas. Não havia outras restrições.
O nível habitual de atividade física foi mantido durante todo o estudo.
O índice de massa corporal (IMC), pressão arterial (PA) e nível de HbA1c (hemoglobina glicada) foram avaliados mensalmente.
As características iniciais dos 122 pacientes, incluindo os parâmetros clínicos e biológicos, estão apresentadas abaixo. O nível médio de HbA1c foi de 8,1 ± 1,6% (intervalo: 6,5 - 14,1%). Os níveis médios foram de 6,9 ± 0,4% para o Grupo 1, 8,1 ± 0,4% para o Grupo 2 e 10,6 ± 1,4% para o Grupo 3.
Os níveis basais de HbA1c foram positivamente correlacionados com a ingestão de carboidratos inicial (g / dia).
A ingestão média de carboidratos (g / dia) diminuiu significativamente, de 274 ± 78 g (54 ± 8% da energia total) na linha de base para 168 ± 52 g (41 ± 11%) após 6 meses. O consumo total de energia também diminuiu significativamente. Houve um ligeiro aumento na ingestão de gordura, mas foi significativo. Embora não tenha havido alteração na ingestão de proteínas ao longo de 6 meses, a proporção de proteína aumentou significativamente devido a um declínio acentuado no consumo total de energia.
Em comparação com o valor basal, os níveis médios de hemoglobina glicada e glicemia de jejum diminuíram significativamente ao longo de 6 meses, de 8,1 ± 1,6 para 7,1 ± 0,9%.
No inicio do estudo, 36 dos 122 pacientes (30%), já recebiam medicamentos hipoglicemiantes prescritos por outros médicos. No final do estudo, o número de pacientes em uso desses medicamentos diminuiu para 17 (14%), ou seja, metade do inicial. Em 25 pacientes, a medicação foi eliminada ou reduzida no período do estudo.
No presente estudo, em doentes japoneses com diabetes tipo 2, uma dieta low carb de 3 graus, definida de acordo com a HbA1c basal (≤ 7,4%, 7,5% - 8,9% e> 9,0%) conduziu a reduções notáveis no consumo tanto de carboidratos como de energia total. Apesar de não ter restrições na ingestão total de energia ou ingestão de gordura, a ingestão de gordura não aumentou o suficiente para compensar a redução notável na ingestão de carboidratos neste estudo. A notável diminuição no consumo total de energia durante 6 meses, portanto, foi quase certamente devido a uma grande redução na ingestão de carboidratos, e não uma redução na ingestão de gordura. Nestas circunstâncias, o carboidrato (g/dia) foi correlacionado com a variação da hemoglobina glicada independentemente da ingestão total de energia.
A dieta low carb com restrição de carboidratos a 37% (Δ% de carboidratos: -17%) levou a uma redução de 3,1% nos níveis de HbA1c nos pacientes do Grupo 3.
Ao final do estudo, a ingestão diária de carboidratos e os níveis de hemoglobina glicada foram 153 g e 7,5% no Grupo 3, 165 g / dia e 7,5% no Grupo 2 e 178 g e 6,4% no Grupo 1, respectivamente. Os resultados foram relativamente próximos um do outro, apesar da grande diferença nos níveis de HbA1c e ingestão de carboidratos no inicio do estudo, que variou de 6,5 a 14,1% e 140 a 579 g/dia, respectivamente.
A piora do controle glicêmico em doentes com níveis mais elevados de hemoglobina glicada pode ocorrer devido à diminuição da secreção endógena de insulina e / ou à má adesão alimentar. No presente estudo, a variação da hemoglobina glicada não foi associada com os níveis iniciais de resistência a insulina, embora estivesse claramente correlacionado com a variação de consumo de carboidrato. Assim, uma ingestão mais alta de carboidratos devido à má aderência dietética parece ser mais importante como causa de piora do controle glicêmico do que a secreção endógena de insulina.
Em conclusão, a estratificação de três graus de restrição de carboidratos, dependendo dos níveis basais de HbA1c (hemoglobina glicada) dos pacientes, atingiu níveis de HbA1c de cerca de 7,0% após 6 meses, apesar das grandes diferenças nos níveis iniciais de HbA1c e ingestão de carboidratos. Descobriu-se que quanto maior a redução na ingestão de carboidratos (g / dia), maior a diminuição nos níveis de HbA1c. Demonstrou-se também que a quantidade de carboidratos necessária para se obter uma certa HbA1c diminui em cada grupo. Essa estratégia de dieta low carb pode fornecer aos pacientes com diabetes tipo 2 uma forma prática para a restrição de carboidratos e impedir que a restrição seja desnecessariamente rigorosa.
DIETA LOW CARB E DIABETES - DIETA LOW CARB E O RISCO DE DIABETES TIPO 2
A prevalência do diabetes tipo 2 vem aumentando em todo o mundo. No Japão, em particular, o número de pessoas com diabetes aumentou de 6,9 para 9,5 milhões entre 1997 e 2012. Além disso, de acordo com o National Health and Nutrition Survey no Japão, recentemente, um em cada quatro homens e uma em cada cinco mulheres têm diabetes ou pré-diabetes. No entanto, a prevalência de obesidade, um forte determinante do diabetes tipo 2, no Japão é muito menor que a dos países ocidentais. Isso pode ser atribuído não apenas a diferença de fatores genéticos, mas também a fatores alimentares entre populações asiáticas e ocidentais. Entre os japoneses que consomem arroz branco como alimento básico, a % de energia consumida dos carboidratos é maior, mas % de energia da gordura é menor em comparação com a população ocidental. Assim, a associação de ingestão de macronutrientes com o risco de desenvolver diabetes na população japonesa é de grande interesse.
Em uma meta-análise de 22 estudos de coorte, incluindo treze estudos dos EUA, seis estudos europeus e três estudos asiáticos (nenhum estudo japonês), a ingestão de carboidratos foi associada a um aumento do risco de diabetes tipo 2, ao passo que a ingestão de proteína e a gordura não foi associada.
Os autores do presente estudo relataram previamente um risco aumentado de diabetes tipo 2 associado à ingestão de arroz. No Japão, o arroz e o arroz processado contribuem com 46,4% da ingestão total de carboidratos. Diante disso, eles concluíram que uma dieta com baixo teor de carboidratos pode estar associado a uma diminuição do risco de diabetes tipo 2 em vez de aumentar o risco entre a população japonesa. Assim, o atual estudo examinou prospectivamente a associação entre o a ingesta de carboidratos, gorduras e proteínas e o risco de diabetes tipo 2 em adultos japoneses usando dados de um estudo de coorte baseado em população em grande escala no Japão.
Vale ressaltar que por ser uma coorte, mesmo que prospectiva, não é possível estabelecer causa e efeito. Entretanto, os resultados do estudo são interessantes!
O estudo Prospectivo do Centro de Saúde Pública do Japão (JPHC) foi lançado em 1990 para a coorte I e em 1993 para a coorte II. Da população estudada na primeira pesquisa (n = 140.420), 113.403 participantes responderam ao questionário na primeira pesquisa. Destes, 89.947 participantes responderam à segunda pesquisa, incluindo a parte relacionada à dieta
No primeiro, segundo e terceiro questionário, os participantes preencheram uma pesquisa. Na análise atual, os dados da segunda pesquisa foram utilizados como dados de pesquisa de linha de base, já que o questionário utilizado para o segundo inquérito foi mais abrangente sobre a ingestão de alimentos do que o utilizado para a primeira pesquisa. Na segunda pesquisa, um questionário de freqüência alimentar foi utilizado para avaliar a ingestão média de 147 itens de alimentos e bebidas no ano anterior. Para a maioria dos itens alimentares, 9 opções de resposta estavam disponíveis para descrever a freqüência de consumo, que variou de raramente (<1 vez / mês) a 7 vezes/dia.
Além disso, a ingestão de proteínas e gorduras para animais e plantas foram estimadas separadamente; Os alimentos de fonte animal incluíam peixe e marisco, carne e carne processada, ovos, leite e produtos lácteos, manteiga; os alimentos vegetais incluíam alimentos diferentes dos alimentos de fonte animal.
O Índice de Dieta com Baixo teor de Barboidratos foi desenvolvido por Halton et al. Resumidamente, os participantes do estudo foram divididos em 11 categorias de acordo com a porcentagem de energia consumida através de carboidratos, proteínas ou gorduras.
Esse Índice foi calculado como pontuação total de carboidratos, proteínas e gorduras. O escore máximo foi de 30, o que representou a maior ingestão de proteína e gordura e a menor ingestão de carboidrato.
O diabetes tipo 2 diagnosticado durante o período de 5 anos após a segunda pesquisa foi determinado por um questionário autoadministrado na terceira pesquisa. Na terceira pesquisa, os participantes do estudo foram questionados se alguma vez tinham sido diagnosticados com diabetes e, em caso afirmativo, quando o diagnóstico inicial havia sido feito.
Análise estatística
A análise de regressão logística múltipla foi realizada para estimar o risco de diabetes tipo 2 para os quintis de cada índice de dieta com baixo teor de carboidratos, levando a categoria mais baixa como referência. O primeiro modelo foi ajustado para idade e área de estudo, e o segundo modelo foi ajustado para o estado de consumo de tabaco, consumo de álcool, história familiar de diabetes mellitus, atividade física total, história de hipertensão, consumo total de energia e consumo de café.
Neste grande estudo observacional, prospectivo, em adultos japoneses, o consumo de uma dieta low carb foi associado a um risco menor de diabetes tipo 2 em mulheres. Esta associação foi atenuada após um novo ajuste do índice glicêmico. Em análises considerando a fonte de proteína e gordura, o escore para proteínas e gorduras animais foi inversamente associado ao risco de diabetes tipo 2 em mulheres, mas não em homens. Este é o primeiro estudo prospectivo a examinar a associação da dieta low carb com diabetes tipo 2 na Ásia.
Conforme esperado, a pontuação da dieta com baixo teor de carboidratos para proteína e gordura total elevada foi associada a um risco menor de diabetes tipo 2 em mulheres. No entanto, esse resultado é diferente de estudos publicados previamente. O Nurses’ Health Study e o Health Professionals Follow-Up Study.
Anteriormente, quatro estudos prospectivos examinaram a associação entre substituição de macronutrientes e risco de diabetes tipo 2 utilizando este método. A substituição da gordura por carboidratos foi associada a um risco reduzido de diabetes tipo 2.
Os autores descrevem que as diferenças de achado entre o presente e os anteriores estudos ocidentais podem ser parcialmente explicadas pela diferença de ingestão e principais fontes de carboidratos e gorduras entre a população japonesa e ocidental. A ingestão de carboidratos foi maior em população japonesa do que ocidental. Os meios de ingestão de carboidratos no menor e maior quintil de baixo teor de carboidratos foram 64,7 e 43,7% de energia, respectivamente, entre os homens e 67,2 e 44,9% de energia, respectivamente, entre as mulheres no presente estudo.
Além disso, anteriormente relataram a associação positiva entre o índice glicêmico da dieta, que representa tanto a quantidade quanto a qualidade dos carboidratos consumidos, e o risco de diabetes tipo 2 na mesma população estudada. A associação inversa entre a pontuação da dieta com baixo teor de carboidratos e o risco de diabetes tipo 2 foi atenuada após o ajuste da carga glicêmica na dieta no presente estudo, sugerindo que a associação observada poderia ser parcialmente atribuída à carga glicêmica na dieta.
No presente estudo, observou-se a diminuição do risco de diabetes tipo 2 com o consumo de uma dieta com menos carboidrato em mulheres, mas não em homens. Embora o motivo da ausência de associação entre homens não seja claro, a proporção de fumantes e bebedores foi muito maior nos homens do que nas mulheres. O forte impacto do efeito da confusão residual devido a esses estilos de vida pode ter influenciado no resultado da associação em homens.
Os autores concluem que observaram que o índice de dieta com baixo teor de carboidratos foi significativamente associado a uma diminuição do risco de diabetes tipo 2 em mulheres. Os achados presentes sugerem que a dieta com baixo teor de carboidratos e rica gorduras e proteínas é associada de forma protetora ao diabetes tipo 2 em mulheres japonesas.
DIETA LOW CARB E DIABETES - DIETA LOW CARB X DIETA TRADICIONAL - CONTROLE E VARIABILIDADE GLICÊMICA
Uma dieta hipocalórica, rica em carboidratos, com pouca proteína e gordura (High Carb - HC) é a abordagem dietética tradicional para o tratamento doa diabetes tipo 2. No entanto, evidências científicas demonstraram que os carboidratos alimentares provocam maiores aumentos da glicose pós-prandial (PPG) em comparação com a gordura ou a proteína, que suprimem de forma independente essa resposta. Isso aumentou o interesse e o uso de dietas muito baixas em carboidratos (Low Carb - LC; 20-70 g de carboidratos /dia), que são muito altas em proteínas e gorduras para o manejo do diabetes. (Na verdade, uma dieta Low Carb, não aumenta de forma significativa o consumo de proteína, apenas de gordura).
Estudos anteriores em pessoas com diabetes tipo 2 mostraram que, em comparação com uma dieta tradicional, uma dieta low carb consegue pelo menos comparáveis reduções no peso corporal, pressão arterial e concentrações de insulina, com maiores benefícios no controle glicêmico. No entanto, esses estudos são limitados pela má conformidade com a dieta e pela ausência e/ou controle da atividade física, um componente essencial da modificação do estilo de vida para controle de peso e diabetes. A ingestão de energia e as diferenças de perda de peso entre dietas com ingestão ad libitum, particularmente com a dieta low carb, podem confundir os resultados metabólicos relatados. (na verdade, essa é uma das grandes vantagens da dieta Low Carb, o menor consumo de calorias de forma espontânea, pela diminuição da fome e aumento da saciedade). Estudos anteriores também limitam a avaliação do controle glicêmico à hemoglobina glicosilada (HbA1c) e glicemia em jejum, não sendo analisada a variabilidade glicemica.
Outros estudos também mostraram que, em comparação com uma dieta tradicional, uma dieta low carb diminui favoravelmente os triglicerídeos e eleva o colesterol HDL (HDL-C), maiores aumentos no colesterol LDL (LDL-C), um alvo terapêutico primário e marcador de risco CVD, são observados. As dietas low carb utilizadas em estudos anteriores, além de aumentar a ingestão total de gordura, aumentaram concomitantemente a ingestão de gordura saturada, o que eleva o LDL-C. Além disso, um estudo prospectivo de coorte sugere que uma dieta low carb baseada em vegetais está associada a menor risco de mortalidade por todas as causas e CVD. (estudos observacionais não podem sugerir causalidade, apenas associação. Outros estudos randomizados já demonstraram que a gordura saturada não está associada ao aumento do risco cardiovascular, por mais que possa ocorrer um aumento do colesterol LDL).
Esses dados sugerem que os efeitos sobre a saúde das dietas low carb podem ser influenciadas pela qualidade da gordura, e uma dieta low carb com teor de gordura altamente insaturada e com baixo teor de gordura saturada pode promover melhorias no controle glicêmico no paciente com diabetes tipo 2, sem efeitos prejudiciais sobre o LDL-C.
Este estudo comparou os efeitos de uma dieta hipocalórica low carb, alta insaturada / baixa saturada de gordura, com as de uma dieta tradicional (alta quantidade de carboidrato), combinada com energia (mesma ingestão calórica entre os grupos), como parte de um programa de modificação do estilo de vida, no controle glicêmico, incluindo fatores de risco, em pessoas com diabetes tipo 2.
População estudada: adultos com sobrepeso / obesidade (n = 115, IMC 26-45 kg / m2, idade 35-68 anos) com diabetes tipo 2 (previamente diagnosticado com HbA1c $ 7.0% e/ou tomando medicação hipoglicemiante). Participaram deste estudo centralizado, randomizado e controlado, realizado entre maio de 2012 e fevereiro de 2013, 115 pessoas.
Os perfis de macronutrientes planejados das intervenções dietéticas foram os seguintes: dieta low carb, 14% da energia total com carboidrato (objetivo de restringir a ingestão para, 50 g / dia), 28% de proteína e 58% de gordura total (35% de gordura monoinsaturada e 13 % gordura poliinsaturada); Dieta tradicional (high carb), 53% de carboidratos com ênfase em alimentos de baixo índice glicêmico, 17% de proteína e 30% de gordura total (15% de gordura monoinsaturada e 9% de gordura poliinsaturada). A gordura saturada foi limitada a 10% em ambas as dietas. A composição de nutrientes planejada do grupo de comparação da dieta HC foi baseada em recomendações convencionais das diretrizes atuais. Os planos de dieta foram individualizados e combinados para níveis de energia com restrição moderada (500-1,000 kcal/dia).
A ingestão e aderência dietética foi avaliada a partir de 7 dias consecutivos (incluindo 2 dias de fim de semana) de registros diários de alimentos pesados a cada 14 dias
RESULTADOS
Um total de 115 participantes iniciaram o estudo. As características basais foram semelhantes entre os grupos.
Conformidade com a dieta e a atividade física A ingestão alimentar relatada foi consistente com as orientações dietéticas. A ingestão de energia não diferiu entre os grupos.
O comparecimento da sessão de exercícios foi semelhante entre os grupos
O resultado mostrou que o grupo orientado a consumir uma dieta low carb diminuiu mais a HbA1c entre os participantes com HbA1c basal .7,8%. A porcentagem de perda de peso não foi diferente entre os grupos para participantes com HbA1c.7.8% basal (LC211.965.6%, HC 211.2 6 5,4%, P = 0,77). (mas vale a pena lembrar que a ingestão calórica foi pré-definida, eliminando uma das principais vantagens da dieta low carb - redução da ingestão calórica de forma espontânea - pela diminuição da fome e aumento da saciedade)
Os participantes na dieta LC eram 85% mais prováveis e 56% menos propensos a ficar mais tempo nas faixas euglicêmicas e hiperglicêmicas, respectivamente, em comparação com os participantes da dieta tradicional (HC). O grupo de dieta low carb também teve um risco 16% menor, em comparação com o grupo de dieta tradicional, de hipoglicemia.
Alterações de medicação: no inicio do estudo, o uso de medicação era semelhante em ambos os grupos. Após 24 semanas, o grupo de dieta low carb apresentou uma maior redução no uso de medicações hipoglicemiantes.
CONCLUSÕES
Este estudo demonstra que as dietas low carb e tradicional, reduzidas em energia com baixo teor de gorduras saturadas, produzem melhorias substanciais no controle glicêmico e vários marcadores de risco cardiometabólico em adultos obesos com diabetes tipo 2. No entanto, a melhora do controle glicêmico no grupo low carb foi maior, assim como do perfil de glicose no sangue e reduções nas necessidades de medicação para diabetes em comparação com a dieta tradicional. A dieta low carb também promoveu um perfil de risco de DCV (doença cardiovascular) mais favorável, elevando o HDL-C e reduzindo os níveis de TG, com reduções comparáveis no LDL-C em comparação com a dieta tradicional. Esses efeitos foram mais evidentes nos participantes com maiores distúrbios metabólicos, sugerindo que uma dieta low carb, com alto teor de gordura insaturada / baixa em gordura saturada, pode melhorar os objetivos de gerenciamento do diabetes, além das estratégias convencionais de gerenciamento de estilo de vida e perda de peso.
Um ponto positivo do estudo foi a definição da quantidade de calorias/dia ingeridas nos dois grupos, com perda de peso comparável entre os grupos, o que eliminou esse potencial confundidor e permitiu que as diferenças metabólicas entre grupos fossem atribuídas a diferenças nos perfis de macronutrientes. Ambos os grupos obtiveram reduções substanciais na HbA1c, embora a redução mais importante tenha sido no grupo com a dieta low carb, de 0,7%. Esse tamanho de efeito é consistente com estudos prévios de baixo teor de carboidratos e é comparável àqueles associados a agentes hipoglicemiantes. Uma redução de HbA1c de 1% é estimada para reduzir o risco de morte relacionada ao diabetes em 21%, infarto do miocárdio em 14% e complicações microvasculares em 37%. Portanto, a redução adicional de 0,7% de HbA1c obtida pela dieta LC poderia se traduzir em reduções significativas adicionais no risco de complicações de diabetes.
Além disso, o grupo de dieta low carb também diminuiu mais o número de medicações hipoglicemiantes, em comparação com o grupo da dieta tradicional, um efeito que ocorreu em toda a amostra do estudo. Portanto, é possível que as maiores reduções no uso de medicação para diabetes com a dieta low carb moderaram a magnitude das reduções de HbA1c observadas nesses participantes e mascararam quaisquer alterações diferenciais de HbA1c entre as dietas em indivíduos com níveis mais baixos de HbA1c. Estas reduções substancialmente maiores nas necessidades de medicação hipoglicemiantes com a dieta low carb representam melhorias no controle glicêmico de importância clínica e representariam uma economia significativa de custos. Nos Estados Unidos, 30% dos custos estimados com o tratamento do diabetes (245 bilhões de dólares), são atribuídos aos custos de medicamentos.
Este teste vai além dos estudos anteriores com a inclusão de medidas de variabilidade glicêmica, que avaliam o controle glicêmico além dos marcadores convencionais. Evidências crescentes sugerem que a variabilidade glicêmica e as oscilações de glicose são cruciais na patogênese das complicações do diabetes através de caminhos que aumentam o estresse oxidativo e a disfunção endotelial, independentemente da glicação da hemoglobina. Este estudo mostrou que uma dieta low carb teve maior eficácia na melhora da variabilidade glicêmica e na redução de grandes e menores valores de glicose no sangue. Isso sugere que uma dieta low carb pode ser vantajosa para alcançar um perfil fisiológico, o que diminui o risco de DCV.
Em comparação com a dieta tradicional, os participantes na dieta low carb foram cada vez mais propensos a gastar tempo nas faixas hiperglicêmicas e euglicêmicas, respectivamente. O grupo de dieta low carb também foi menos propenso a ter hipoglicemia, sugerindo melhorias globais na regulação glicêmica. Isso é consistente com outros estudos que demonstram que menor variabilidade glicêmica está associado com um risco menor de hipoglicêmia.
Em consonância com estudos anteriores de ad libitum comparando dietas low carb e tradicional (High Carb), maiores reduções nos TG e aumentos no HDL-C ocorreram com a dieta low carb. Concomitantemente, esta evidência sugere que, em comparação com uma dieta tradicional, uma dieta low carb com alto teor de gordura insaturada e baixa em gorduras saturadas não afeta negativamente o LDL-C e pode promover uma maior redução do risco de DCV.
Este estudo mostra que as dietas low carb e tradicional, incorporadas como parte de um programa de perda de peso de modificação de estilo de vida, alcançam melhorias significativas no controle glicêmico e nos marcadores de risco cardiovascular em adultos com sobrepeso e obesidade com DM2. No entanto, as maiores melhorias foram alcançadas no grupo da dieta low carb. Isso sugere que uma dieta low carb com gorduras insaturadas e de baixo teor de gorduras saturadas pode conferir potencial terapêutico vantajoso para o gerenciamento de DM2.
RESUMO DIETA LOW CARB X DIETA TRADICIONAL
Vantagem dieta Low Carb:
- melhora do controle glicêmico
- melhora da variabilidae glicêmica
- diminuição do uso de medicações hipoglicemiantes
- melhora do perfil lipídico
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